O livro do mês: Os Capitães da Areia de Jorge Amado

O autor

[…] Jorge Amado nasceu em 1912, em Pirangi, Baía, e faleceu a 6 de agosto de 2001. Viveu uma adolescência agitada, primeiro, na Baía, no início dos seus estudos, depois no Rio de Janeiro, onde se formou em Direito e começou a dedicar-se ao jornalismo. Estreou-se como romancista com O País do Carnaval (1931), Cacau (1933), Suor (1934), seguindo-se Terras do Sem Fim (1943) e S. Jorge dos Ilhéus (1944). A sua marcada oposição à situação política vivida no Brasil levou-o ao exílio por duas vezes, a primeira em 1941, tendo regressado em 1942, e a segunda em 1948, por um período de quatro anos. Durante o exílio, viajou para países como Argentina (Buenos Aires), onde escreveu O Cavaleiro da Esperança (1942) […]. Em 1951 recebeu o Prémio Estaline, com a designação de «Prémio Internacional da Paz». Os problemas sociais orientam a sua obra, mas o seu talento de escritor afirma-se numa linguagem rica de elementos populares e folclóricos e de grande conteúdo humano. A sua obra tem toques de picaresco, sem perder a essência crítica e a poética. Além das já citadas, referimos, na sua vasta produção: Jubiabá (1935), Mar Morto (1936), Capitães da Areia (1937), Seara Vermelha (1946), Os Subterrâneos da Liberdade (1952). Mas é em Gabriela, Cravo e Canela (1958), Os Velhos Marinheiros (1961), Os Pastores da Noite (1964) e Dona Flor e os Seus Dois Maridos (1966) que o romancista […] se volta para temas como a infância, a música, o misticismo popular, a turbulência popular e a vagabundagem, numa linguagem de sabor poético, humorista, renovada com recursos da tradição clássica ligados aos processos da novela picaresca. O seu sentimento humano e o amor à terra natal inspiram textos onde é evidente a beleza da paisagem, a tradição cultural e popular, os problemas humanos e sociais - uma infância abandonada e culpada de delitos, o cais com as suas misérias, a vida difícil do negro da cidade, a seca, o cangaço, o trabalhador explorado da cidade e do campo, o "coronelismo" feudal latifundiário perpassam significativamente na obra deste romancista dos maiores do Brasil e dos mais conhecidos no mundo. Fecundo contador de histórias regionais, Jorge Amado definiu-se, um dia, «apenas no baiano romântico, contador de histórias». «Definição justa, pois resume o carácter do romancista voltado para exemplos de atitudes vitais: românticas e sensuais... a que, uma vez por outra, empresta matizes políticos...», como diz Alfredo Bosi em História Concisa da Literatura Brasileira. Foi-lhe atribuído o Prémio Camões em 1994.
http://www.infopedia.pt/$jorge-amado (adaptado e com supressões)

As primeiras linhas do livro


Sob a lua, num velho trapiche abandonado, as crianças dormem.


Antigamente aqui era o mar. Nas grandes e negras pedras dos alicerces do trapiche as ondas ora se rebentavam fragorosas, ora vinham se bater mansamente. A água passava por baixo da ponte sob a qual muitas crianças repousam agora, iluminadas por uma réstia amarela de lua ...

 
 

O filme



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